Este depoimento faz parte de uma série de entrevistas realizadas para as comemorações dos 70 anos da Sociedade Hípica de Campinas. No total, 33 pessoas foram entrevistadas para o projeto que implantou o Centro de Memória do Clube em 2018: Abelardo Pinto de Lemos Neto, Alfredo Pupo de Campos Ferreira Filho, Antoine Kolokathis, Darcy Paz de Pádua, Dora Ann Lange Canhos, Eliana Aparecida Nascimento Evangelista, Elvino Silva Neto, Elza Maria Spínola Castro Armani, Hamilton de Oliveira, Isabela Affonso Ferreira, Ismar Augusto Ribeiro Neto, José Abel Carvalho de Moura, José Fernando Moreira Monteiro da Silva, José Luiz Arruda Toledo, Juventino Nascimento, Luiz Antônio Baldo Pupo de Campos Ferreira, Márcio Coluccini Francisco, Marcos Alberto Correa, Maria Helena Guimarães Pompêo de Camargo, Maria Helena Barros Ribeiro de Siqueira, Maria Stella Roge Ferreira Grieco, Mauro Correa, Mayra Magalhães Pugliesi, Noreen Campbell de Aguirre, Osvaldo Urbano, Pedro Henrique Delamain Pupo Nogueira, Peter B. B. Walker, Raul Teixeira Penteado Filho, Renata Maria Strazzacappa Barone, Roberto Schmidt Neto, Sílvia Amaral Palazzi Zakia, Vera Vieira, Vítor Trabulsi.
Entrevistado: Mauro Correa. Professor de Tênis da SHC. 60 anos. Nascimento: 25/11/1958.
Um morador da colônia, a paixão pelo Tênis e pela Hípica
Quando a gente veio morar aqui na Hípica, estava muito no início e tinha poucas coisas aqui. Tinha 4 quadras de tênis na época, e com o tempo a Hípica foi melhorando, a gente foi convivendo com isso aqui tudo. Com 11 anos foi quando eu comecei a pegar as bolinhas, ser pegador de bolas. Sendo pegador de bola você acaba aprendendo a jogar tênis, assim, com o tempo eu fui aprendendo a jogar tênis. Aqui na colônia tinham várias pessoas, várias famílias e vários moleques que também pegavam bola, de todos só 3 deram aulas de tênis. Eu, o Luís e o Cláudio, só nós três que ficamos com o tênis, os outros todos não seguiram a mesma carreira. Aqui a gente tinha muita ajuda dos professores, ajudavam muito a gente. Na época tinha o Jorge Salomão, meus primeiros passos foram com ele, depois teve o João Lima Nogueira que me ensinou muito sobre tênis, esse foi fundamental para mim. Através do João Lima, por que ele era apaixonado por tênis e pela Hípica, então essa paixão dele, ele transferiu tudo isso para mim e eu captei isso, captei a maneira de jogar, a maneira de treinar, a paixão pelo tênis e a paixão pela Hípica, o único clube que eu defendi até hoje.
Durante esse tempo todo, tiveram muitos associados que jogaram bem o tênis. Uma das pessoas que jogou profissionalmente é a Luciana Tella, ela começou a jogar comigo, eu dei aula para ela um tempo e depois ela seguiu a carreira dela. Então, de todos que começaram comigo, ela foi a que teve mais expressão no tênis, ela foi uma profissional, foi a primeira do Brasil. As primeiras “raquetadas” ela começou comigo aqui na escolinha da Hípica.
No começo dos anos 80 a Hípica começou a crescer e se desenvolveu totalmente como clube, e no começo dos anos 90 o tênis realmente explodiu! Aqui na Hípica tem muitos associados, mas no começo dos anos 80, um pouco antes até a Hípica tinha menos sócios, então havia uma convivência maior entre as pessoas, você praticamente conhecia todo mundo. Então todo mundo estava sempre se cumprimentando e se encontrando, principalmente nas festas juninas, que era onde você encontrava as pessoas. Hoje a Hípica cresceu muito, eu por exemplo, não conheço uma boa parte dos sócios que entraram recentemente, só conheço os mais antigos. Fica muito difícil você se ambientar com todo mundo, é bem mais difícil.
O Guga se não me engano foi em 1997. Aqui a Hípica já teve muitos torneios profissionais, continua tendo, todo ano tem torneios profissionais. Teve um ano que teve três torneios profissionais com jogadores de várias partes do mundo e aqui já jogaram atletas muito importantes como Thomaz Koch, Edison Mandarino, Carlos Alberto Kirmayr, Gustavo Kuerten que ganhou o primeiro torneio da vida dele aqui na Hípica, em 1997 (4º Embratel Cup Show). Aqui já jogou Ivan Molina, Jairo Velasquez, que eram muito bons jogadores, e vários outros muito expressivos. Um jogador muito bom que jogou na Hípica é o argentino Diego Schwartzman, que está entre os 20 melhores do mundo, ele veio na Hípica e ganhou dois torneios profissionais. Teve o Alberto Mancini que era um argentino que ganhou um torneio aqui, saiu daqui, foi para França e foi vice-campeão de Roland Garros.
No começo dos anos 80 o tênis de associados, dos torneios da liga, a Hípica, o Tênis Clube, o Clube Cultura, o Círculo Militar, a Fonte São Paulo, quase todos os clubes de Campinas tinham equipes que jogavam, então tinha um torneio chamado Interclubes que era feito pela Liga Campineira de Tênis e era a maior festa. Eram jogos super bons, tinham confrontos entre a Hípica e outros clubes, as equipes eram muito boas. Agora esse torneio da liga não existe mais, porque praticamente não têm equipes para jogar. Infelizmente esse romantismo todo que era o Interclubes, onde depois do jogo acontecia uma confraternização, infelizmente acabou".